terça-feira, 24 de maio de 2011

Como fazer perguntas certas para a interpretação?

Quando falamos de interpretação, isto pode parecer extranho, mas tecnicamente a interpretação ou a hermenêutica, (forma técnica) está presente em tudo o que fazemos ou pensamos. Constantemente observamos que a Bíblia as vezes é usada de forma inadequada, tal como uma caixinha de promessa que não leva em conta o contexto, os dados históricos e a intenção do autor, ela serve para tudo.
Nesta idéia gostaria de desnvolver um tema relativamente complicado sobre a interpretação. Fazer perguntas ao texto é uma arte que precisa ser desenvolvida. Gostaria de lhes expor como eu estabeleço algumas perguntas para a exegese. Primeiro precisamos estabelecer alguns pressupostos antes de começarmos as perguntas. É preciso estabelecer o texto, ou seja é necessário verificar se a unidade a ser pensada faz parte de um texto maior ou se é um texto independente. Um exemplo disto são os salmos que são unidades independentes dos capítulos no próprio livro dos Salmos e não requerem o contexto, embora não exista texto sem contexto. Pode-se ver que há três pré-requisitos para começar as perguntas para ajudar na interpretação.
Primeiro, deve-se compreender qual é o o gênero literário maior. Por exemplo: um livro como Naum, temos um livro profético que essencialmente é profecia dentro de um contexto no V.T. Outro exemplo, seria o livro de Atos em que narra a vida da Igreja e alguns episódeos da vida de Pedro e de Paulo. Que gênero literário maior é este? Ao definir isto, quais as características que são próprias desse gênero e estilo literário? Ainda como exemplo, sabemos que os profetas tem narrativas, sapiência e profecias e isto nos leva a segunda compreensão:
Segundo deve-se compreender qual é o gênero literário menor dentro do livro. O gênero literário menor é uma parte complexa na interpretação. Há um livro muito interessante que ainda não está traduzido para o português chamado: "Literary forms in the new Testament" (Bailey and Brook, 1992), (Formas literárias no Novo Testamento) que explora todos ou quase todos os gêneros maiores e menores neste sentido que expomos aqui. A busca do gênero menor é mais complexa que a anterior. Definindo este gênero, quais as figuras de linguagem estão sendo empregadas? Vamos a um exemplo: a perícope de Mateus 5:1-11 - texto definido e chamado como "as bem-aventuranças"; temos neste texto uma narrativa, v.1-2 e do v.3 até o v.11 temos um paralelismo em degraus que é paralelismo sintético. Neste aspecto percebemos que há uma constatação afirmativa e o "porque" explicando essa afirmação; Ex: Bem-aventurados os que choram, porque [eles] serão consolados. Nem sempre é fácil definir o gênero menor. Nos livros do Apóstolo Paulo há uma argumentação envolvida com formas literárias do V.T. e formas retóricas de argumentação, (especialmente em Romanos).
Em terceiro lugar, é necessário delimitar a perícope para levantar as perguntas certas. Quais são os conectores (conjunções subordinadas, coordenadas), que demonstram que o texto é uma unidade independente para se formular uma tese?
Depois de analisar estas três questões, agora podemos levantar algumas perguntas, claro que com a devida limitação, por que cada texto tem as suas próprias perguntas e suas questões íntimas. Há três questões básicas para a interpretação que vale para qualquer texto, depois de avaliados os ítens acima:
1) Qual a intenção do autor neste texto? Essa pergunta levanta o ponto mais importante na interpretação por que respeita o texto e o seu autor. Junto a ela está a intenção maior do gênero literário. Além do mais, o autor do texto da Escritura é o espírito de Deus, porque cremos que a Bíblia é a em última e primeira instância a Palavra de Deus.
2) Qual é o propósito da perícope? Delimitando a perícope deve-se perguntar qual a razão dela em si. Qual é o propósito dela no contexto do livro. De acordo com o gênero menor, qual é o propósito dessa perícope? Neste sentido é muito importante o exegeta e o estudioso compreender a importância de se compreender a amplitude do texto. Lembre-se, nenhum texto pode significar algo que nunca foi a sua intenção original. Cabe aqui, lembrar que a interpretação do texto se dá por argumentação e deve-se perceber a dificuldade desta tarefa. mas isto não é desanimador e sim um estímulo para descobrir e buscar a Palavra de Deus que foi falada a tantos anos atrás, mas que é a mesma que nos impulsiona a vivermos pela fé e pela graça. Ainda que tenhamos textos difíceis, há uma clareza nas Escrituras que podemos entendê-la.
3) A terceira pergunta é: Quais as proposições diretas ou indiretas do texto da perícope? Há uma corrente que não admite a Bíblia como um livro proposicional, ou seja, não aceita que a Bíblia determine coisa alguma. Essa corrente vem da filosofia relativista, do pluralismo e da teologia liberal. Mas para nós a Bíblia é propositiva, isto é, há várias proposições que impõe uma obediência - os puritanos diziam que ela é a única regra de fé e prática.
Confesso que no começo dos meus estudos eu também não gostava da palavra regra, por causa de falar de algo que assusta os que não são cristãos, mais uma vez eu confesso, eu estava errado. Se os não cristãos não aceitam a Bíblia como Palavra de Deus, é uma pena, mas a Bíblia é a Palavra eterna de Deus e não pode se adequar ao gosto dos não cristãos.
Da mesma forma os cristãos não devem adequar conteúdos para agradar os outros, sim, não faça como eu.
As vezes a passagem (perícope) não traz proposições diretas para nós. Deve-se estabelecer o que o texto implicitamente nos diz. Estabeleça quais os pressupostos do texto que servem para nós.
Creio que essas perguntas ajudaram a estabelecer otras perguntas e ajudar você na sua interpretação. Um forte abraço em Cristo!
Pr. Ede

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4 Comentários:

Blogger Unknown disse...

use uma linguagem mas popular, nem todos que ler o seu artigo entenderao.

3 de fevereiro de 2016 às 10:52  
Blogger Unknown disse...

use uma linguagem mas popular, nem todos que ler o seu artigo entenderao.

3 de fevereiro de 2016 às 10:52  
Anonymous john disse...

é verdade, meu amigo uma linguagem para as para as pessoas que estão começando,vc não vai ministrar para a igreja com palavras tecnicas,mas com palavras que todos podem ser edificados.

14 de julho de 2016 às 16:39  
Anonymous Reginaldo Moreira de Aguilar disse...

Excelente artigo, vai me ajudar bastante nas interpretações das Sagradas Escrituras.

09 de novembro de 2016

9 de novembro de 2016 às 08:46  

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